Viver plenamente
Eu disse a uma amiga:
— A vida sempre superexigiu de mim.
Ela disse:
— Mas lembre-se de que você também superexige da vida.
Sim.
A síntese perfeita
“Sou tão misteriosa que não me entendo.”
A certeza do divino
“Através de meus graves erros — que um dia eu talvez os possa mencionar sem me vangloriar deles — é que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada. A consciência de minha permanente queda me leva ao amor do Nada. E desta queda é que começo a fazer minha vida. Com pedras ruins levanto o horror, e com horror eu amo. Não sei o que fazer de mim, já nascida, senão isto: Tu, Deus, que eu amo como quem cai no nada.”
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Cada vez mais acho tudo uma questão de paciência, de amor criando paciência, de paciência criando amor.
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Resolvi guardar meu amor para mim, não por questão de egoísmo, mas de cuidado. Não quero que ninguém o toque, ou o machuque, só isso.
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Deus lhe deu inúmeros pequenos dons que ele não usou nem desenvolveu por receio de ser um homem completo e sem pudor.
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Já chorei até pegar no sono, mas já fui dormir tão feliz, ao ponto de nem conseguir fechar os olhos.
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Não sei amar pela metade, não sei viver de mentiras, não sei voar com os pés no chão.
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Pode-se aprender tudo, inclusive a amar! E o mais estranho, Lóri, pode-se aprender a ter alegria!
-Clarice Lispector, diversas fontes