O mistério imortal das olheiras de opala,
Onde vagueiam a dor dos seus olhos proibidos,
Manda que venham terra e céu para adorá-la. . .
Morre no seu olhar a vida dos sentidos.
Mesmo calada, quem a vê julga escutá-la,
Pois canta o seu olhar pelos nossos ouvidos.
De que estrela lhe desce a voz? Quando se cala,
Que rumor de orações nos olhos doloridos!
Não existe cá embaixo uma expressão humana
Capaz de definir-lhe o grande olhar tristonho;
E quem a vê, ou sonha uma estátua romana,
Marmoreamente branca, imaculada e fria,
Ou tem por entre o nimbo estrelado do sonho
A áurea Revelação de outra Virgem Maria.
-Alphonsus de Guimaraens
Melhores Poemas, Global Editora, 1985