A esperança é aquilo com asas
Que se abriga na alma
E canta cantos sem palavras
E nunca, nunca pára.
- Emily Dickinson
Poemas, frases, bonitas mensagens e meditações diárias de poetas e filósofos inspiradores
A esperança é aquilo com asas
Que se abriga na alma
E canta cantos sem palavras
E nunca, nunca pára.
“Se eu puder impedir um Coração de partir,
Não viverei em Vão.
Se puder suavizar a Dor de uma Vida
Ou diminuir uma Dor
Ou ajudar um pardal fraco
De volta a seu Ninho
Não viverei em Vão.”
– Emily Dickinson
Se eu puder servir mesmo um dentre vocês em seu esforço pela autodescoberta, não terei vivido em vão. Minha vida na Terra terá encontrado seu significado e propósito.
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Pérolas de Sabedoria do Ocidente e comentários devotados de Sri Chinmoy, extraídos do livro Pensadores-Filósofos do Ocidente, editora Agbook
A questão primordial é se Deus está dentro de nós o tempo todo, se Ele entra no nosso coração por longos períodos como convidado, ou se Ele só vem e vai. Com um profundo sentimento de gratidão, que eu chame a alma imortal de Emily Dickinson, cuja inspiração espiritual impele o buscador a conhecer o que Deus o Infinito é exatamente. Ela diz:
“O Infinito um Hóspede súbito
É como foi proposto –
Mas como pode vir o estupendo
Que nunca foi embora?”
Dez de dezembro foi o aniversário de Emily Dickinson, a inigualável poetisa americana e universalmente valorizada poetisa mundial. Emily e a sua família foram uma existência única e inseparável. As necessidades da sua família eram tudo para ela. Sua família via em Emily a intensidade da realidade, uma parte do toque preenchedor da sua divindade, iluminadora e futuro-construtora, no coração da humanidade.
O coração de Emily carregou sua consciência física e vital até o mundo da alma. A sua alma, de maneira sublime, mas sutil, levou os três membros – corpo, vital e coração – para a fonte da própria alma, a Terra-Imortalidade. Quando retornaram, o corpo, vital e coração estavam convencidos da realidade dessa Terra-Imortalidade divina.
Apenas porque a mente não foi convidada por Emily ou por sua alma, coração, vital ou corpo para essa viagem, a sua mente recusou violentamente a acreditar na autenticidade das experiências iluminadoras, preenchedoras e imortalizadoras de Emily. A mente colocou-se inamovível entre o finito e o Infinito, entre o corpo e vital e o coração e alma, entre o mundo conhecido intencionalmente e o mundo conhecido inconscientemente. E, para piorar, por vezes a mente foi tão capaz de convencê-la que a sua antes delirante realidade-mundo passou a ser nada mais do que um mundo-concepção-alucinação visionário na vida humana. Essa formidável e venenosa dúvida acarretou uma indulgência auto-deboche, verdade-deboche e mundo-deboche na sua vida. Naturalmente, o céu-iluminação do seu coração não pode lhe conceder a dádiva do livre acesso à sua vastidão interior e plenitude exterior.
Emily aprendeu muito pouco pela associação com a vida exterior. Mas aprendeu muito com a associação interior com sua reclusão-mundo. O mundo exterior foi certamente uma experiência isenta de realidade integral para ela. Assim, o que sabia e pensava sobre o mundo não poderia se tornar uma experiência encorajadora, sustentadora, inspiradora, iluminadora e preenchedora, algo que a levasse à sua própria existência-realidade.
O amor de Emily por Deus e pela natureza fez dela interiormente bela. Por toda sua vida, Emily foi introvertida. Ela abraçou a vida de reclusão auto imposta. A Beleza-Compaixão de Deus foi a sua recompensa. Na Beleza-Compaixão de Deus, seu mundo e aqueles que queriam viver nele se tornaram instrumentos-preparação para a transformação e perfeição das experiências-frustração da vida.
Sua aspiração não estava apenas na seclusão, mas a própria seclusão se tornou sua aspiração. Dentro da aspiração-seclusão ela teve alguns marcantes vislumbres do sol-iluminação interior. As ciladas da vida lhe deram duas ou três experiências-frustração intoleráveis, que exigiram dela que mergulhasse fundo, muito fundo dentro de si, para descobrir a riqueza da vida interior.
Enquanto esteve na Terra, obscuridade foi o seu nome. Apenas sete poemas foram publicados enquanto a Mãe Terra a nutria. Mas, quando o Pai Céu passou a sustentá-la, a Terra amorosamente reconheceu a sua grandiosa realização e sentiu relevante orgulho dos presentes alma-comoventes de Emily para a humanidade.
Cerca de mil e oitocentos poemas-flor compõem a sua guirlanda. Algumas das pétalas das flores oferecem sua beleza pueril, enquanto outras são dever pueril, e outras são a sabedoria madura de uma santa cristã. Sua percepção é que o Desconhecido e o Além serão sempre uma realidade incerta e desconhecida. Porque ela sentia que essas coisas seriam sempre desconhecidas, a verdadeira Fonte-Realidade não pode satisfazer a sua sede-realidade e preenchê-la.
Um dos críticos desproporcionalmente ruins não via nela nada além de uma louca de superlativo grau. E por quê? Foi este nosso mundo nosso o responsável por não proporcionar-lhe a satisfação do coração de que ela tanto precisava. Sua experiência-coração diz à Terra: “Terra, eu compreendo o seu dilema. Você quer e, ao mesmo tempo, não quer uma face-transformação. Uma face-transformação, de acordo com você, é irreal ou não poderá satisfazê-la. Portanto, o seu clamor interior não é intenso o suficiente, não é genuíno ou duradouro.”
A Terra diz à poetisa: “Você está certa, está certa. Mais do que certa. Eu gostaria de dizer que o que tenho não está me satisfazendo, e o que poderei ter também não me satisfaz. Mas eu sinto que, se na criação de Deus a satisfação nunca despertar, Deus ficará incompleto. Acalentar a ideia que Deus é ou ficará incompleto deixa a minha própria realidade-existência incompleta para a Eternidade. Perguntas, eu tenho; respostas, não. Mas tenho certeza de que a minha vida-paciência será inundada de luz-resposta no seio da hora escolhida da Eternidade.”
Para o Céu, a vida experiência da poetisa diz: “Céu, se você realmente é infuso de alma, então deve me agradar poderosamente. E, se você é realmente poderoso, não pode suportar um abismo gigantesco entre a sua realidade-êxtase e a minha realidade-depressão, frustração e destruição. A verdadeira realidade está na auto-expansão fundada na iluminação-distribuição.”
O Céu diz à sua alma : “Ó poetisa-buscadora, mergulhe infinitamente mais fundo. Não sou precisamente aquilo que você viu em mim. Não sou nada daquilo que você acha em mim. Estou muito além da sua aspiração-descoberta-desejo. Dentro da sua realização-descoberta-aspiração é que você encontrará a mim e à minha unicidade da universalidade.”
12 de dezembro de 1975
Nações Unidas, Nova Iorque
– Sri Chinmoy
Chuva de Verão
Uma gota cai na macieira,
Outra no telhado;
Meia dúzia beijou a calha
E fez o reboco rir.
Umas poucas ajudaram o córrego,
Que foi ajudar o mar.
Eu mesma pensei – se fossem pérolas,
Que colares fariam!
A poeira sedimentada em estradas altas,
Os pássaros mais alegres cantam;
O sol tirou o seu chapéu,
Os pomares, suas lantejoulas.
As brisas com violões tristes
Os banharam de alegria;
E o oriente, com uma única bandeira,
Sinalizou o fim do festival.
Mar de Pôr-do-sol
Esta é a terra de cores crepusculares,
Estas são as margens do Mar Amarelo;
Onde ele nasce, ou para onde ele corre,
É o mistério do ocidente!
Noite após noite, seu trânsito púrpuro
Povoa as terras de fardos de opala;
Mercadores silenciam-se nos horizontes,
Mergulham e desaparecem com velas mágicas.
Uma estradinha não feita de homens,
Visível aos olhos,
Acessível ao zunido da abelha,
Ou nuvem de borboletas.
Se há nela uma cidade, além de si,
Não sei dizer;
Apenas suspiro – veículo algum
Leva-me por esse caminho.
Despertar
Não sabendo quando o despertar chegará
Abro todas as portas;
Terá plumagem como um pássaro,
Ou tremulará como o oceano?
*
Como poderosas fogueiras incendiavam
O vermelho à base das árvores,
O teatro longínquo do dia
Exibia-se a elas.
Foi o universo que aplaudiu
Enquanto, o principal,
Ativo por seu vestido real,
Eu mesma percebia Deus.
O Canal
Meu rio corre a ti:
Mar azul, tu me receberás?
Meu rio espera resposta.
Oh mar, olhe com bondade!
Trarei a ti riachos
De recantos sarapintados
Diga, mar,
Leve-me!
Imortalidade
É um pensamento honroso
E tirar o chapéu faria
Como quando encontramos gente boa
Nas ruas do nosso dia,
Que temos um lugar imortal,
Mesmo que as pirâmides gastem,
E os reinos, como folhas nos pomares,
Vermelhos embora esvoacem.
Erguendo-se às exigências dele,
Deixou os brinquedos da sua vida
Para tomar o honorável trabalho
De mulher e esposa.
Se algo lhe fazia falta no seu novo dia
Seja amplitude, ou respeito,
Ou potencial inicial, ou o ouro
Que se usando se gasta,
Isso tudo não se fala, pois o mar
Desenvolve pérolas e algas,
Mas apenas ele conhece
As profundezas em que habitam.
Perdesse a campânula a sua cintura
À abelha amante,
A abelha amaria a campânula
Como antigamente?
Cedesse o paraíso, persuadido,
Seu fosso de pérolas,
Seria o Éden um Éden,
Ou o conde um conde?
Coisa solene foi, eu disse,
Uma mulher branca ser
E vestir, se Deus me enxergar hábil,
Seu mistério sagrado.
Coisa tímida é lançar uma vida
No poço púrpura,
Tão não-cainte que retorna
Até a eternidade.
Vivo com ele, vejo a sua face;
Não saio mais
Para visitas ou por-do-sol;
A privacidade da morte
Minha única barreira,
E pelo direito que ele
Apresenta uma reclamação invisível,
A aliança não recebi.
Vivo com ele, ouço a sua voz,
E vivo hoje
Para testemunhar a certeza
Da imortalidade
Ensinada-me pelo Tempo – caminho do pária,
Sentença diária –
Que a vida assim é sem fim,
Seja o julgamento por qual fim.
Dei-me a ele,
E tomei-o por pagamento.
O solene contrato de uma vida
Ratificou-se assim.
A riqueza pode desapontar –
Eu mesma me tornei mais pobre
Do que esse grande comprador suspeita:
O possuir diário do Amor
Deprecia a visão;
Mas, até o mercador comprar,
Ainda fantasia, ilhas de especiaria,
Sutil carga restaria.
Risco mútuo pelo menos –
Alguns pensam que é lucro mútuo;
Doce débito da Vida – devendo todas as noites,
Insolvente a cada dia.
– Emily Dickinson