Little Lamb who made thee Dost thou know who made thee Gave thee life & bid thee feed. By the stream & o’er the mead; Gave thee clothing of delight, Softest clothing wooly bright; Gave thee such a tender voice, Making all the vales rejoice! Little Lamb who made thee Dost thou know who made thee
Little Lamb I’ll tell thee, Little Lamb I’ll tell thee! He is called by thy name, For he calls himself a Lamb: He is meek & he is mild, He became a little child: I a child & thou a lamb, We are called by his name. Little Lamb God bless thee. Little Lamb God bless thee.
Tigre, tigre, incendiante
Na floresta da noite,
Que mão ou olho encararia
Tua feroz simetria?
Em que céu ou abismo tarde
O fogo do teu olho arde?
Que asas ousariam soprá-lo?
Que mão ousaria tocá-lo?
Que força, obra ou mão
Atiçaria o teu coração?
Que punho mais incrível
Forjou tua postura temível?
Que martelo, que corrente,
Que fornalha fez a tua mente?
Que bigorna, que punho a cerrar
Ousou teus terrores aprisionar?
Quando as estrelas em cadente espanto
Irromperam o vasto céu em pranto,
Será que Ele sorriu ao ver-te?
Ele que fez o Cordeiro também fez-te?
Tigre, tigre, incendiante
Na floresta da noite,
Que mão ou olho enquadraria
Tua feroz simetria?
(tradução Patanga Cordeiro)
Tyger
Tiger, tiger, burning bright,
In the forest of the night,
What immortal hand or eye
Could frame thy fearful symmetry?
In what distant deeps or skies
Burnt the fire of thine eyes?
On what wings dare he aspire?
What the hand dare seize the fire?
And what shoulder, and what art,
Could twist the sinews of thy heart?
When thy heart began to beat,
What dread hand forged thy dread feet?
What the hammer? What the chain?
In what furnace was thy brain?
What the anvil? What dread grasp
Dared its deadly terrors clasp?
When the stars threw down their spears
And watered heaven with their tears,
Did He smile his work to see?
Did He who made the lamb make thee?
Tiger, tiger, burning bright,
In the forest of the night,
What immortal hand or eye
Dare frame thy fearful symmetry?
-William Blake
O Tygre
Tygre, Tygre, viva chama
Que as florestas de noite inflama,
Que olho ou mão imortal podia
Traçar-te a horrível simetria?
Em que abismo ou céu longe ardeu
O fogo dos olhos teus?
Com que asas atreveu ao vôo?
Que mão ousou pegar o fogo?
Que arte & braço pôde então
Torcer-te as fibras do coração?
Quando ele já estava batendo,
Que mão & que pés horrendos?
Que cadeia? que martelo,
Que fornalha teve o teu cérebro?
Que bigorna? que tenaz
Pegou-te os horrores mortais?
Quando os astros alancearam
O céu e em pranto o banharam,
Sorriu ele ao ver seu feito?
Fez-te quem fez o Cordeiro?
Tygre, Tygre, viva chama
Que as florestas da noite inflama,
Que olho ou mão imortal ousaria
Traçar-te a horrível simetria?
Tradução: José Paulo Paes
O Tygre
Tygre! Tygre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?
Em que céu se foi forjar
o fogo do teu olhar?
Em que asas veio a chamma?
Que mão colheu esta flamma?
Que força fez retorcer
em nervos todo o teu ser?
E o som do teu coração
de aço, que cor, que ação?
Teu cérebro, quem o malha?
Que martelo? Que fornalha
o moldou? Que mão, que garra
seu terror mortal amarra?
Quando as lanças das estrelas
cortaram os céus, ao vê-las,
quem as fez sorriu talvez?
Quem fez a ovelha te fez?
Tygre! Tygre! Brilho, brasa
que a furna noturna abrasa,
que olho ou mão armaria
tua feroz symmetrya?
Tradução: Augusto de Campos
O leão
Leão! Leão! Leão!
Rugindo como o trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda.
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto.
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?
O salto do tigre é rápido
Como o raio; mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o Leão dá.
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o Leão
Foge como um furacão.
Leão se esgueirando, à espera
Da passagem de outra fera…
Vem o tigre; como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranquilo
O leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o leão
Mata um com cada mão.
Leão! Leão! Leão!
Rugindo como o trovão
Deu um pulo, e era uma vez
Um cabritinho montês.
Leão! Leão! Leão!
És o rei da criação
Tua goela é uma fornalha
Teu salto, uma labareda
Tua garra, uma navalha
Cortando a presa na queda.
Leão longe, leão perto
Nas areias do deserto.
Leão alto, sobranceiro
Junto do despenhadeiro.
Leão na caça diurna
Saindo a correr da furna.
Leão! Leão! Leão!
Foi Deus que te fez ou não?
O salto do tigre é rápido
Como o raio; mas não há
Tigre no mundo que escape
Do salto que o Leão dá.
Não conheço quem defronte
O feroz rinoceronte.
Pois bem, se ele vê o Leão
Foge como um furacão.
Leão se esgueirando, à espera
Da passagem de outra fera…
Vem o tigre; como um dardo
Cai-lhe em cima o leopardo
E enquanto brigam, tranquilo
O leão fica olhando aquilo.
Quando se cansam, o leão
Mata um com cada mão.
Isso é verdade, absolutamente verdade. Devemos sempre contar a verdade com uma intenção divina. A nossa verdade deve estar inundada de luz, cuidado e unicidade. A nossa verdade deve iluminar, e não amarrar.
Um amor assim tão belamente idealizado pode ser materializado se fundado na Fonte altíssima e não tiver ligação alguma com qualquer coisa inferior que há aqui.
William Blake, poeta inglês. Imaginação ele tinha; visão ele tinha. Ele as tinha em medida abundante. Nem é preciso dizer. Para ele, a imaginação era a beleza tudo-iluminadora da realidade, e a visão era a realidade tudo-preenchedora da beleza. Para ele, a imaginação era um homem de verdade, e a visão era um homem real e perfeição-inspirador.
Louco – assim pensavam alguns dos seus contemporâneos, e mesmo alguns dos seus amigos. Mas ele não era louco. Infelizmente, a maior parte das pessoas não estava e não está interessada em ver os seus mundos-realidade. A maior parte das pessoas não tem acesso a esses mundos. É necessário um clamor interior; um verdadeiro amor pelo desconhecido é preciso e um coração corajoso é necessário para ir além do mundo-fatos, além do mundo-realidade já visto e alcançado.
Seu poema imortal, “O Tygre”, é um tesouro inestimável da humanidade.
Tygre! Tygre! incendiando reluzente
Nos bosques da noite,
Que olho ou mão imortais
Enquadrariam a tua temível simetria?
Vemos essa energia-ignorância, que ameaça devorar o mundo inteiro, finalmente descobrir sua salvação-transformação na realização do Uno absoluto. Esse absoluto Uno incorpora energia-ignorância, energia-conhecimento e, ao mesmo tempo, muito transcende ambos.
A originalidade devotada da alma foi a dádiva de Blake para a humanidade. O Blake amante das pinturas-arte e amante do progresso-pensamento foi um pungente e incessante rio de criatividade-originalidade.
O seu amigo e discípulo Samuel Palmer o descobriu e facilitou ao mundo que o descobrisse. Blake era um homem sem máscaras: sua meta simples, seu caminho reto, suas palavras poucas. E mais: Blake foi o desafio da humanidade em ir além das conquistas da vida terra-limitada e o desafio da divindade para crescer e brilhar na sempre-transcendente realidade-existência do Além.
Seu barco-vida velejou entre a pureza-essência-alma e a impureza-substância-corpo. Certamente, tal é a experiência com que se depara toda vida humana. Mas chega a hora em que a parte obscura e não divina de nós alegremente e devotadamente se entrega à parcela iluminada e divina. Entrega significa percepção consciente, unicidade inseparável. Pela percepção da sua unicidade inseparável com o divino, o não divino em nós recebe iluminação, satisfação e perfeição.
Na sua vida, Blake foi obscuro; o reconhecimento não estava entre os seus conhecidos. Agora, um século após sua partida do palco-mundo, o mundo descobriu e reconheceu nele um amante-mundo que trouxe a mensagem da transformação – a transformação da tortura-inferno no enlevo-Céu e a transformação do mar-ignorância do corpo no céu-sabedoria da alma.
No dia 28 de novembro, mais de duzentos anos atrás, Blake nasceu. Mas a sua alma ainda aspira, ainda ilumina o mundo e ainda tenta manifestar a divindade que ela incorpora, para o despertar-Terra, iluminação-Terra e preenchimento-Terra. O poeta tem a visão do amanhã; o artista tem a visão do amanhã; o cientista, o cantor e o músico, todos têm a visão do amanhã. Todos os seres humanos que estão despertos e estão mais do que prontos para contribuir com algo próprio, com uma parte de si, ao mundo como um todo são realmente almas abençoadas e tesouros inestimáveis e imortais da Mãe Terra.